Primeira vez lendo Clarice Lispector

Loreley, a Lóri, é uma professora que com a descrição de suas vivências nos fazer imaginar que tem certamente mais do que 25 anos, a descoberta de si e do mundo é como se acabara de nascer. E diante do Nada e do Tudo, começa em seu dia a dia a ter revelações através das miudezas de seus atos, como nadar no mar às 5 da manhã, sentir o cheiro das flores, do peixe na feira, sentir na pele a chuva, contemplar o sol ou a lua, nada de extraordinário, mas inédito, dentro  da incansável buscar de estar pronta para o seu amor, Ulisses.

A leitura fluída que descreve os sentimentos de Lóri ante a vida, é um convite direto para nos enchergar de perto, e o que poderia nos assustar ao descobrir ou desfrutar, acaba nos trazendo a ciência de que podemos existir além da dor da existência, podemos sentir prazer e alegria, sem que isso nos vicie, podemos ser tomados pela graça de entender determinadas coisas e ainda sim não ser complacentes diante de tamanho entendimento.

Ao se perceber pronta para colidir seu mundo com de Ulisses, Lóri se entrega sem medo do que virá posteriormente, porque na verdade, o fato de estar pronta, a colocara diante de uma porta para uma nova vida. "Quem sou eu?", a pergunta que Ulisses determinara difícil demais, Lóri a simplificara após o desejo mútuo de construir sua família, "profundamente agora sou aquela que tem a própria vida e também a tua vida".

A precisa viagem interior é o que se revela mais necessário no cenário de ansiedade que temos hoje em dia. Tirar o foco das imagens recortadas de uma vida que não é só viagens, sorrisos, relacionamentos perfeitos, e ser fiel ao momento em que se vive nos traz uma realidade inacreditável. Sentir o sabor daquilo que te alimenta, observar a reação da pele ao toque do vento, do sol, enchergar o nascimento da alegria no sorriso do outro, são coisas que só nós temos o controle, pois depende de nós a observação, portanto, assumindo o controle, podemos finalmente atingir a plenitude de saber: somos seres cheios de vida!

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