"O gigante acordou", foi uma das frase mais utilizadas para se referir ao levante popular instigado pelo aumento da passagem, em junho de 2013, no Estado de São Paulo, e que se estendeu por todo Brasil.
De lá pra cá houve manifestações pontuais, mas não com a dimensão desta de junho, que começou a se desvirtuar com o ingresso de partidos políticos e trouxe a baila diversos temas que dificultou saber propriamente pelo que se estava lutando.
Dado os resultados favoráveis ao pedido de não aumento da passagem, provou-se que a vontade popular é superior a qualquer partido político, quando manifestada de maneira contundente e com participação a nível nacional.
Com o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do pedido de habeas corpus do ex-presidente, Luís Inácio Lula da Silva - o Lula, do Partido dos Trabalhadores (PT), outras manifestações aconteceram e foram intituladas como "pró" e "contra" a prisão do réu em 2a instância.
Desta feita, novamente vemos pessoas encorajados a ir pras ruas, supostamente, para o combate da corrupção e fim da impunidade da classe política, junto dos mais abastados do país, que acabam por financiar os partidos políticos.
Entretanto, a mesma postura não se observou quando o atual presidente, Michel Temer do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), teve o nome citado na operação Lava-Jato em delações premiadas, como também em conversa gravada para a obstrução da justiça.
O Senador Aécio Neves, que estava à altura, como presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), teve imagens e ligações feitas pela Polícia Federal (PF), em que mostrava o recebimento de propina através de seu primo, Frederico Pacheco. E nenhum alarde, à nível nacional foi feito.
Nisso vemos a incoerência de uma população que movida por uma bandeira partidária, não se manifesta em todos os casos contra a corrupção vigente, mas só quando o outro lado está gritando mais alto.
Mais importante do que defender um partido, é defender a transparência de um governo que inspira a ficção de tão inacreditável que se tornou. Haja vista a nova série da Netflix, dirigida pelo cineasta, José Padilha, O Mecanismo.
A manifestação de apenas uma parte dos eleitores, ainda é sinal de que há deficiência na forma de cobrar os políticos, pois tem-se necessidade de como um todo, encarar a situação que se tornou sistemática, de governo à governo. Os únicos interessados em que o país permaneça rachado é quem pretende, maleficamente, lucrar com a corrupção na política.
Uma maneira real de combate à tal comportamento político é uma resposta massiva, não por parte de uma população vestida de uma cor representando um partido, mas sim, com brasileiros que se vestem de humanidade e conseguem reparar a corrupção, primeiramente em seus próprios atos, e de maneira abrangente, levam isso para todos âmbitos de suas vidas, inclusive à política.
Estudantes tomaram a laje do Congresso Nacional durante manifestação na esplanada, em junho de 2013 - André Coelho / Agência O Globo |
Comentários
Postar um comentário